sábado, 24 de janeiro de 2015

Carta com ofensas a animais e ativistas repercute entre leitores e entidades de Piracicaba



Foto: Erasmo/JP


Carta com ofensas a animais e ativistas repercute entre leitores e entidades de Piracicaba



Felipe Ferreira - sábado, 24 de janeiro de 2015 15h4



Carta publicada na edição de sexta-feira (23/01) do Jornal de Piracicaba repercutiu entre leitores, membros de entidades de proteção animal e até em outros meios de comunicação.
No texto, um leitor teceu críticas ao jornal pelo apoio e espaço dedicados à causa animal, as quais qualificou como “idiotices”. Os ataques também foram direcionados aos integrantes de associações de defesa animal, chamados de “corja”, “bando de vagabundos” e “desocupados”. Os animais não foram poupados e citados como “inúteis”, “nojentos” e “imundos”.
Militantes da causa animal procuraram o JP para rebater as críticas. Luis Américo Chitolina, diretor da SPPA (Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais), considerou “covarde” a atitude do autor da carta, que para ele, se escondeu atrás de um pseudônimo.
“Julius Oswald Boelcke, na verdade, é o nome de um piloto alemão que combateu na Primeira Guerra Mundial. Repudio seu ponto de vista, mas parabenizo o JP pela coragem de publicá-lo.”
Membro da ONG Gatos do Cemitério, Drica Tabachi afirmou que o leitor abusou do direito a liberdade de expressão.
“Este senhor ultrapassou todos os limites, penso que as pragas na verdade são pessoas que como ele, abandonam e maltratam criaturas indefesas.”
Administradora do Cemitério Paraíso do Amigo Parque de Animais, Janice Van Sebroeck citou um estudo desenvolvido pela psicóloga Ilana Casoy na tentativa de compreender o comportamento do autor da carta.
“Ela descreve como ‘psicopatas em potencial’ indivíduos que exprimem pensamentos de ódio e aversão contra animais e outras pessoas. Este cidadão abusou se mostrou totalmente desprezível.”
Luiz Henrique Travensolo, vice- presidente da ONG Vira Lata Vira Vida, também lamentou o conteúdo da carta.
“Ao que tudo indica, este cidadão desconhece a legislação ao não respeitar o direito legal dos ativistas e dos animais. Ele deixou claro desconhecer os trabalhos realizados pelos Direitos dos Animais, inclusive em Piracicaba, na luta pelo fim dos rodeios e outras formas de exploração”, disse.
Ramon Romero, membro da GCAA (Grupo de Controle de Animais Abandonados no Campus) da Esalq, enalteceu as qualidades dos animais.
“Diferente do que foi dito na carta não sou um vagabundo como este ser infeliz julgou os que lutam pela causa.”
Discussões em torno do texto ocuparam cerca de 30 minutos da edição de ontem do programa Comentaristas da Educadora, da Rádio Educadora AM. O radialista e advogado Homero de Carvalho disse ter ficado indignado ao ler a carta.
“O que esse cidadão fez é um crime tipificado no Código Penal, já que incita publicamente a prática de um delito (o autor sugere campanha para erradicação dos animais). A sociedade tem leis, que protegem, inclusive, os animais. Cabe à sociedade acionar o Ministério Público para que o assunto seja levado a fundo.”
IMPRENSA — Diretor-responsável do JP, Marcelo Batuíra Losso Pedroso afirmou que a seção Cartas do Leitor é um espaço que o periódico abre ao leitor, mesmo que a opinião não reflita a linha editorial do jornal.
“Não há carta impublicável, mesmo aquela cuja opinião expresse algo que somos totalmente contrários, a palavra, em si, merece nosso acolhimento.”
Marcelo Batuíra disse que o jornal é flexível quanto aos critérios exigidos para identificação dos autores de cartas publicadas.
“Nem sempre o autor das cartas e e-mails que recebemos diariamente opta por divulgar seu nome real, muitas vezes se utiliza de um pseudônimo, um nome fictício por traz da real identidade, às vezes por mero capricho literário, outras vezes por não ter a coragem de assumir, em nome próprio, uma posição ou opinião radical e polêmica. Isso é algo com o qual lidamos todos os dias. Mas ainda assim, entendemos que a opinião deve ser expressada.”
Marcelo Batuíra também comentou o teor da mensagem polêmica.
“Tenho grande compaixão para com os animais que nos são próximos. Por mais contraditório que possa parecer, a melhor parte de nossa humanidade nos é ensinada por esses animais tidos como ‘inúteis’, na opinião deste senhor. Albert Schweitzer, médico e Prêmio Nobel da Paz já dizia que ‘tudo que tem vida, tem valor como um ser vivo, como uma manifestação do mistério da vida’.”

FONTE E CRÉDITO:

http://jornaldepiracicaba.com.br/capa/default.asp?p=viewnot&cat=viewnot&idnot=224952

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